segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

tromba d'água

A boca da querida que não tem nome, diz que tem
Uma tromba d’água sobre minha cabeça. Sinto de imediato,
A qualquer momento toda água pode despencar.
Nesse momento acordo de um sono inesperado.
E assim desperto também inesperadamente.
E essa sensação de despertar se dá no momento
Em que me levanto da cama e sinto tudo girar,
O local e a forma como o percebo se desfaz em pó e torna-se espiral de fumaça.
É nesse momento em que tiro das costas o sono
E faço uma troca involuntária pelas questões reais.
Nisso, invado minha memória,
Desfaço meus rabiscos,
Pois não posso acreditar na irrealidade dos sonhos
De noites silenciosas.
Mesmo carregando silencio no peito,
O amargor dá voz às escandalosas causas infundadas,
Postas sobre meu peito, minhas mãos, meus olhos e meus ouvidos,
Junto das mágoas passadas
E as novas que estão para chegar.
Sofro por antecedência, pois não sei esperar
E não posso negar o desespero.
Faço um apelo e esmoreço.
Peço por uma pausa, peço também que ouçam a minha causa,
Apesar de não saber como dizê-la.
Por fim, não quero piedade,
Quero o direito ser eu mesmo, de verdade, e ter tempo para buscar minha finalidade.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Sou poema sem voz
Sou mágoa, sou algoz
Tiro licença e escrevo aqui
Aqui é meu lugar de romântico e sádico
De desumano e egoísta
Não quero nada pra ninguém
Quanto à poesia
Eu escrevo,
É meu bem
E só a palavra pode me penetrar

terça-feira, 16 de outubro de 2012

o fardo do homem

Carrego o peso do sono nas pálpebras. Elas se fecham lentamente e de repente se apaga. Cinco minutos depois desperto dos minutos que pareciam mais lentos. Sou irrompido pela culpa de desperdício de tempo. Cinco minutos e toda uma parcela de informação diária já foi para o espaço se autorreciclar. Um seguimento frenético e ao mesmo tempo buscando estabilidade, sem livre acesso, sem permissão de conhecimento. Daí desses cinco curtos minutos o que se ocorre é o que não sei, mas prevejo porque sei que os acontecimentos se reciclarão daqui pra frente. E daqui pra frente...

Então por que estamos em ritmo frenético? Eis que todos nós estamos correndo para o sorvedouro, o abismo do que virá. Mas o que virá eu não sei e acho que nunca darei devida atenção se continuar correndo. E nesse período, -tal que somente sei relatar porque vivo em sua constância- é denso, denso, pois você é pego de surpresa e, pelo atraso que estamos acometendo nossa própria vida, não há tempo pra passar pelas etapas com a calma devida.

A incerteza é maior do que em qualquer outro momento. Um tempo de escassez aonde a tristeza cobria cada pequeno espaço num vago que se fez na minha mente. O cinza é memorável e de resto não é de tanta importância me recordar. Não intenciono vírgula em texto. Não ambiciono, mas também não abandono o que só posso lembrar e não me preocupar ou me incomodar. A neblina densa de dor de cabeça se instala. O que tinha como responsabilidade minha nunca fora, na verdade, e nunca será. Deslizo agora no decorrer da vida com um lembrete grudado na testa: inconstante. Um olho enfático das coisas que eu sei se abre e lá está o fruto do que realmente é uma semente, uma raiz e unidade. Não sei como me libertar das correntes dos costumes, essa que me acompanha por tantos anos e de repente voltei minha atenção a ela. De repente deixar de acreditar em tudo é uma alternativa mais palpável, porém, muito mais triste. E o de repente se faz dentro de um período linfático, de doença e amargura insuportável. Tudo é desagradável demais, tão desagradável que desprezo. Um maremoto de mim me arrebata, me ricocheteia pra beira-mar, me espanta, me espanca, me arranca com uma dor de cólica do lugar aonde nunca pertenci, aonde as circunstâncias cada dia mais burocráticas se tornam tédio materializado e a minha própria irrealização antiga em ser. Pois é tão difícil, tão atormentador que jamais deixará de ser, é constante e irredutível, porque se a prática fosse, nesse caso, tangível de estratégia e pudéssemos burlar, não seria tão sofrível.

Escrevo no decorrer dos dias e atendo as necessidades dentro das horas.

O que atribuíram a vida me cobram hoje como resposta ao mundo. Mas o mundo mesmo não me exige nada além de viver. A pressa invadiu os corações enquanto as sutilezas da natureza ocorrem de maneira calma por um caminho harmônico em sua própria finalidade. A guerra silenciada na boca dos ignorantes corre e voa pelos espaços ansiando demarcar e tornar privado o que sempre foi de todos como graça de nossa Natureza. Essa guerra aonde o que explodem são nossas cabeças com ocupações, preocupações e uma infindável busca por solucionar um problema inexistente e ao mesmo tempo irrealizável de forma que, o que existirá dentre as horas não será você, serão compromissos que exigem esforços de corpos doentes e cansados. Nos dispersamos de nós mesmos para tomarmos as dores que não é do mundo, nem nossa, mas de vigilantes da ordem/caos e da nossa privacidade, que não deseja te oferecer nada além que esforço diário e remuneração para que com os esforços que empregamos em nossas ambições(sempre irrealizáveis) consumamos em lojas de 1,99, varejo e atacado.

A vida, que não precede a nada mais que ela mesma, não se recolhe e nem se anula, mas nós a esquecemos no ato das vontades estúrdias, de realizações imediatas e conquistas de poder. Logo se sabe da inquietação da massa, já que cada vez se torna mais visível e desprezível a corrida pela concretização de sonhos miseráveis que não são nem nunca foram, de fato, fruto de nossa vontade ou idealização. Compramos a ideia de vida e felicidade em vitrines e concessionárias de automóveis. E enquanto observamos o absurdo acontecer, nos tocamos e afinal vemos a nós mesmos, dessa vez, negando-se a explorar e pagar caro por uma ideia de viver uma vida que não é nossa, nem é satisfatória e é nula em torno de si mesma, já que não existe outra forma de nos fazermos acontecer senão buscando estar dentro de nós mesmos.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

fatídico, unitário e pobre

Vi de fato, aquele fardo. De fato, que um fato concebido após o acontecimento é a plena estadia da consciência sobre o acontecido. Pois ver deve ser de uma falácia muda, de uma palidez imunda. Depois de tanto ver ficamos cegos. E depois de cegos nós nos rendemos. O mais estúrdio sentimento de pobreza, de momento e movimento. Porque sem ver, não se sente quase mais nada. Acompanhado desse sentimento sujo vem uma sensação de pecado sem tamanho. Uma pancada do destino. “É isso mesmo”, eu penso, pois se não vejo devo conceder ao meu raciocínio o direito de falar. Se não vejo, não quero falar propriamente dito. Aquele fardo que se tornou gente, sem tirar nem pôr. Com os mesmos boicotes e sacerdócios do ser, do ser gente e ser humano. Com toda essa humanidade, o fardo, carregado por uma memória pisada, de inocência inconcebível, se transforma a cada nova perspectiva. Ele está lá, sem dúvida. Nunca deixará de existir, um fardo é um fardo sem que possamos intervir na sua existência. Ele está no mais profundo da alma, que, inexplicavelmente, me sinto ainda muito imundo para descrever. A alma, de toda essa baboseira dita pra enganar os idiotas sábios os pobres acorrentados, é estado de espírito. E esse espírito dentro de nós é o acúmulo do fardo em sua maior mediocridade. O espírito é medíocre e empobrecido. E todo o trabalho imposto é passatempo pra que nos esqueçamos de toda essa mediocridade. O trabalho difere do dinheiro, do prazer de um salário, da satisfação pós-raiva. Raiva que nasce sem que possamos perceber por sermos tão medíocres quanto os que escondem a merda enquanto trabalhamos. Depois, é só depois, porque o sentimento é efêmero. E toda essa efemeridade se dá pelo fato que o tempo é tempo sem intromissões, que o tempo é por si só o condutor. O que fizemos e faremos é uma questão de caráter e consciência. Será consciência? Porque talvez a consciência seja um dom de quem é só. Consciência, talvez, se dê ao fato de estarmos nos encaminhando para o mais profundo de nós mesmos. Exteriorizar, depois, é ver. É nesse ponto que ficamos cegos. Não consigo conceber algo maior que cegueira quando se tem consciência. E claro, se estou consciente, eu não sei. Nunca sei. Eu só suponho. Suponho e pretendo. Tenho sempre pretensões egoístas e egocêntricas – nunca quero que mudem os outros – os outros são os outros independentes da minha existência, e aí está o egoísmo. Existe, acredito metaforicamente, na existência de uma raiz unitária no indivíduo. Essencialmente ela existe pra que sejamos nós mesmos. Isso nos proporciona viver, isso provavelmente é o acaso de todas as outras coisas, pois a raiz é uma só. A afirmação desses fatos é a consciência. Eu me repito porque quero me fazer claro pra mim mesmo. É difícil penetrar em sua consciência tendo plena consciência de estar querendo se fazer entender para si mesmo. Possivelmente esse é um fato que seja o fardo. O fardo somos nós e nós estamos para ele quanto ele está para todos. O fardo é cegueira, o fardo é a inconsciência inocente de não podermos entender de tudo. O entendimento, provavelmente, perdura sobre a vida e atravessa a morte. A morte é a percepção do ser fato e do ter fardo.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

relato

Relato. Por palavra e paixão. De todas as histórias lidas, em línguas ainda desconhecidas. Em torno de palavras, dando relação ao ambiente, ao quente, ao extremo ligado a um. Submete-me ao arrebatamento da forma escrita em sua pureza, beleza e ousadia descritas. Formatos, enquadrados em perfis infantis, o infanto-juvenil, a classe gramatical exata para a expressão, transgressão e a subordinação do leitor. O português. Nascido sabe-se lá de onde, indo pra lugar algum. A língua que não quer ser calada, a língua que não pode ser calada. Sem descrição para tal, de firmeza incompreensível. Maniqueísta, dos dois extremos, da paz e da guerra. A língua usada para acalmar e para perturbar. A língua das faces. Aonde? Qualquer lugar. É tradução de todas num funil egoísta de nós, de mim. Eu poderia entender. Não posso. E aí está: a concepção do entendimento sobre um pano de fundo que é a confusão. Uma verdadeira sopa de letrinhas. Ainda não sou letrado. Orgasmo e gozo em diferentes momentos, sobre diferentes aspectos. Espectro da palavra.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

'constantemente emergindo com graça'

Sem mais
Vagarosamente você comeu pelas beiradas
Todas as fatias
Sentimento que mata
Vagarosamente
Fios de sanidade

quinta-feira, 19 de julho de 2012

possibilidades impossíveis

É impossível fugir das grades que cercam a memória;
É impossível tentar lembrar que seja o que quiser para qualquer ocasião;
É impossível simplesmente querer poder no momento em que tiver;
É impossível rejuvenescer o esquecido na membrana da memória desgastada;
É impossível filtrar cada grau de sanidade;
É impossível viver do vivido esperando o que será;
É impossível o medo viver da coragem;
É impossível pegar o ônibus na hora desejada;
É impossível fundar medidas para saúde mental do louco que nega sua inacabável busca de lugares;
É impossível encontrar lugares sadios;
É impossível dar possibilidades a medidas e formas que não se permitem medir e não possuem formas;
É impossível ter possibilidades.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

e daí nasceu um encanto...

Alguém me despertou uma imensurável vontade de me apaixonar.
Esse alguém também, como boa pessoa que é, me convidou pra entrar na casa de uma porta só, sua vida.
E aí, como não recuso convites, eu entrei, achando que já conhecia o espaço. Mal sabendo que o que vinha era incomensurável.
Transbordando assim, o que de bom eu tinha visto com meus olhos inseguros de conhecedor, e só conhecedor.
É recíproco, e essa é uma forma de apresentar isso, minha flor!

Exatamente como você fez.
Bonita, elegante e sincera. E inteligente também, oras!

terça-feira, 10 de julho de 2012

meu bem

Tornou tristeza quando te digo que amo.
Meu bem.
Meu bem é tristeza.
Eu amo tanto que talvez ame tudo que venha para o meu bem.
O que vem é o bem. Quando vai, tristeza.

domingo, 1 de julho de 2012

tranquilidade nos seus(meus) sonhos

Tranquilidade nos seus sonhos. Quando abrimos uma porta principal e, esta como fundamento é o convívio social, levamos para dentro junto um turbilhão de sentimentos confusos. Embaraçoso é não saber se adaptar com o interior, é não saber distinguir as qualificações que damos ao que sentimos. E nem sempre identificamos nossos próprios comandos. Nunca saberemos distinguir a razão do que vem do coração. Pense bem, de onde vem o amor? E o pavor? Instintos são comandos cerebrais? “Fique mais um pouco e tome um café”, eu realmente procuro por qual motivo esse convite é feito. Não sei se você estará sendo simplesmente educado ou deveras gosta da minha companhia. Não sei. Só sei que vou querer ficar. 

quinta-feira, 21 de junho de 2012

vômito

cada vez que dormimos envelhecemos um dia. somos convidados a vida, como se ela, grande anfitriã, desse seu ponto de vista de bandeja para nós e que possamos usufruir dos benefícios de ser. furtivo querer de viver, momentâneo, instantâneo e passageiro. hoje imaginei todos os sentimentos e os dei animaria, pensei em anões ou pequenos seres inimagináveis. cômico? vai saber, afinal, eu não dei risadas. nossos corpos como tronco de árvores, ou como flores, aleatoriamente podem ser apenas gnomos ou abelhas. dentro do tronco, os gnomos. passando pelas flores, as abelhas. ainda não decidi. de qualquer forma, esses pequenos seres inimagináveis me vieram a memória como se existissem nessas animações. viveriam em um lugar maravilhoso. haviam histórias mais bonitas pra contar. hoje eu me sinto escasso. minha mente é como qualquer outra e o espaço é todo da vida e ela é sempre foco das atenções. como é preocupante crescer e envelhecer, como é preocupante viver distribuído, como é preocupante ingressar em uma vida... imaginaram como é preocupante esquecer a fantasia? a imaginação é tão fantástica que as vezes quero viver somente pra ela. imaginem-se todos crianças, imaginem-se com seus interesses infantis. quem inventou o termo voar para nós que não para os pássaros somente? por que somos permitidos? talvez todos os meus sentidos não possam me responder a todas as questões. clinicamente, se fantasiarmos somos esquizofrênicos. qual a razão? até deus pode ser um delírio, por que a vida não? somos febris, estamos delirando a aflição, a cada milagre. tudo isso está nos moldes da fantasia, tudo isso é tudo o que queremos que seja. todos deliram em conjunto por uma questão sadia, por uma questão financeira, por uma questão de liberdade. divino é tudo o que conseguimos imaginar. divino é tudo o que nossa visão, audição, olfato e paladar conseguem identificar. divino é termos uma memória pra armazenar. escassa é a nossa permissão.

high life

Parimos a morte ao longo dos anos
Se aproximando, dizendo ‘olá’ com seu alto-relevo de rugas
Enfraquecendo a memória sadia para que caiba sempre mais
Esquecendo para lembrar
Um dia morreremos todos
Se deus está lá onde quer que seja o lugar,
Agradeço pela graça de poder morrer um dia
Ninguém tem alma imortal que suporte a eternidade em sua total materialidade
Ninguém vencerá seus renovados fantasmas pra sempre
Eles voltam...
Ainda bem,
A morte também.
Em nosso ponto de vista,
Ela está sobre todas as coisas
E todas as coisas sujeitas a ela
Elevando a vida

sexta-feira, 8 de junho de 2012

beleza

Ah, se eu tivesse bela pele
Belo corpo
Belas formas
Belas palavras
Bela idade
Boa cabeça
E assim tivesse certeza que me vissem atentamente a andar,
Desistiria de toda beleza pela paz do meu olhar.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

o roteiro original

A vida foi contada. Como num script cinematográfico. Divida pelo som da claquete, ensaiada nos melhores moldes. Abdicamos ao dom de sermos a arte em sua maior forma. Um monólogo seria correto. Essa incansável viagem solitária pelos palcos da vida. Apresentando-se, sentindo empatia e simpatia, glória e derrota. Nem toda cena gera aplausos. De todos os seus formatos, reformatados ou não, a Terra se tornou o palco mais fiel, porque se cairmos não passaremos do chão e dessa forma, todo bom ator aprende a recriar o espetáculo. E eu escolhi ser só o roteirista.

sábado, 26 de maio de 2012

2.1

"Não oblitero moscas com palavras.
Uma espécie de canto me ocasiona.
Respeito as oralidades.
Eu escrevo o rumor das palavras.
Não sou sandeu de gramáticas.
Só sei o nada aumentado.
Eu sou culpado de mim.
Vou nunca mais ter nascido em agosto.
No chão de minha voz tem um outono.
Sobre o meu rosto vem dormir a noite."
De Manoel Barros em "O Livro das Ignorãças".
Minha leitura pré-adolescente fazendo muito mais sentido em minha fase -quase- adulta.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Fui ver a cor de outro lugar. Fui experimentar do ar de uma nova cidade, de outra idade. Eu vi um pássaro ser livre. Vi um outro morrer. Senti o tal aroma da dama da noite (que deixa rastro por uma quadra inteira). Vi a "melhor idade" tomando espaço em praça pública com música. Vi violinista tocar Mozart em troca de pessoas que só pudessem ouvir. Entrelacei linhas pra um crochê e desfiz pontos pacientemente. Paciência essa, aliás, que adquiri depois de muito tempo. Eu vi a cor do dinheiro, senti sua textura, verbalizei a sua utilidade, engrandeci, por isso, o despojado. E por ser minimalista, recuei. Devolvi a dignidade tida como cédula, e antes disso, lutei pela satisfação em Reais. Eu senti a fúria de um frustrado. Devolvi como justo. Conheci gente o suficiente para afirmar em mim o sentimento de que não se deve subestimar as pessoas, principalmente pelo o que fala, veste e demonstra nos olhos. Contei o que tinha pra contar, contudo, o retorno foi dobrar essas histórias. Formulei, em ordem, todas as necessidades, todas as contas, todas as importâncias. E olha, saiu tudo como nunca fora planejado, que surpresa. Falando em surpresas, me surpreendi com a falta de educação e com um coração muito bom que apareceu. Podendo rever todos os lugares, podendo encontrar todos esses corações, podendo sentir de tudo um pouco, agraciado pela atenção que tive, por todas as coisas que pude, eu vi essa ilusão de papel em branco em cristal líquido e escrevi.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

veja bem

Encontrei as duas faces da mesma personalidade.
As duas extremidades.
Fases extraídas das feições. Adquiridas no leito da descoberta.
Nascida do pacífico, naturalizada na confusão.
Torno a ver as duas faces em descrição.
No âmbito da vida; descoberta novamente e criação.
Razão, impulso, resignação.
Trépido, fugindo da multidão.
Alucinado, pedindo redenção.
Descaradas, duas faces em contramão.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

miragem

Resgatei o ente querido, ferido.
Fiz uma aposta,
Desfiz.
Até me convencer
Que tempo é mar,
De ondas gigantescas
E peixes mortos e belos.
Fomos arrastados até o fim da vida,
Puxados por redemoinhos da miragem.
Nesse delírio da vida,
De tantos achados e perdidos,
E visões que podem ser dislexia.

Finda onda a qualquer lugar,
Deixe-se ser somente mar.
Calmo, frio e de vida apenas marinha.
E de águas que terminam à beira-mar.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Imagina quantos lugares existem dentro do "aqui"

Estou pontuando e desatando alguns nós que a vida deu. Ultimamente, o que me tem sido válido não é de valia alguma pra qualquer participante desse reality show. É como se tudo o que aqui pertencesse, tivesse de passagem como eu, mas pra outro lugar, diferente do meu. Eu não consigo pegar uma agulha pra levar comigo, até o crochê teve que perder a vez. A roupa, o sapato, o pai e a mãe, de ninguém pertencem, nem a mim, comprei tão suado aquela roupa cara. E aí? Qual é a validade? Deixo de pagar caro com dinheiro pra pagar caro com a cara. Porque se não tenho o que o dinheiro me comprou, o que não pode comprar muito menos será meu.

Mas já deixei de querer muito pra mim. Acho que muito e pouco se equivalem quando o assunto é quantos estão no bolso e quantos estão ao lado.

Metaforicamente falando, não te trará satisfação ir pro céu se você gosta do inferno.

Aqueles senhores da praça que tanto me encantaram não são meus, nem daqui de onde eu piso. Eles são de onde quiserem ser, e escolheram ser da praça e da música. E olha, nem na praça eles estão mais. 

A validade das coisas se relaciona diretamente com o tédio empregado aquele lugar ou aquela situação. Os senhores se entediaram enquanto eu pedia bis, e foram embora. Assim que está me parecendo a vida.

 

Nem vou esperar muito tempo até ficar claro, porque “e se”? E se os senhores ficassem na praça? Talvez o entediado seria eu. E não teria peito pra dizer que aquilo já não mais me satisfaz como antes me encantava.

Então é por isso que tudo que resolveu chegar ao fim e partir por conta própria, eu deixo que vá. Não me cabe pontuar, não enquanto estiver preparado pra que aquilo novamente aconteça.

Das vontades eu sei quase todas que eu quis experimentar. Mas eu ouvi o certo de que ‘vontade dá e passa’.

Não sei se vai passar. Mas se não passar, eu arranjo outras só pra me assegurar.

Por fim, acho nem de estratégia, nem de estrada a vida é feita... porque até agora ninguém, de fato, viu o fim e cumpriu sua meta como prometido. Nem vi pecados a pagar. Injustiça divina ou justiça dos homens?

sábado, 7 de abril de 2012

praça

Queria poder dizer olá
Para o casal de senhor que canta com prazer no olhar
Canções que me fazem adorar
A vida dura e amarga
Que cada passo prova o espaço
Dessa tal beleza de cantar
E da tristeza do corre de lá pra cá.

terça-feira, 13 de março de 2012

brotar

Deixa estar vivo
Sob essa pele
Nasce numa sebe
Que de outrora era febre
Agora, fica alegre
Dessa nascente
O fluxo
O reflexo da água nos olhos
É incandescente
E toda beleza em forma de flor
Desabrocha e ganha cor


sexta-feira, 9 de março de 2012

(sem) rumo

Partir é de querer racional. Não generalista, mas sim, individualista. Racionalmente, envolvendo-se em cada ponto para partida ou de partida, talvez possa se entender o motivo da ida (ou vinda). Mas se esvai toda sanidade quando a dor lacrimeja nos olhos a cada minuto se separando pela distância.

Esse tempo nosso, somente nosso. Esse curto espaço de tempo e estalo nas ideias da certeza de partida. Realizando a cada passo o ponto inicial, duvidando das incertezas dos dois centímetros à frente. Mas parte, como que na certeza de uma mãe em trabalho de parto do filho que está para chegar, ela sabe, é menino (ou menina), mas das suas características, do som de seu choro, seu tamanho e como ele vai crescer a medida que ela envelhecer, nunca saberá.

Vai certo do incerto, decidido por teimosia da própria criação, vai. Por todos os infortúnios que estão atravancando seu caminho, a certeza cresce. De dentro pra fora a ânsia e a curiosidade vai deixando embasbacado, assim que nem viu passarinho verde contando história da carochinha.

Vai, de certo que sim. Mas não partiu ainda. Teoricamente elaborado, praticamente iniciado. Na prática que a saudade vem. Se de saudade morrer – o que é improvável de se suceder-, não volta, enterra com a certeza que partiu, enterra com a certeza de que sentiu medo, enterra, só enterra, sabendo que não saber pra onde vai é uma hipótese universal, só que o ser humano “é sabido” demais pra admitir que nada sabe.

quarta-feira, 7 de março de 2012

deixa estar

O que houve com a poesia?
Arrancou polegar, indicador e médio
Foi por intermédio da censura
Eles devem achar que isso é remédio
Deixa o poeta afogar seu tédio
E palavra medida
É palavra contida
E conter-se é se render
Ao poder de quem tá no alto
Mas pouco deve saber
Que beleza escrita e feita
Apesar de não ser perfeita (nada é)
Tira do peito a dor que é negra

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

da dor ao riso

Da dor ao riso, eu arrisco minhas chances no meio da multidão
Entrando de cabeça numa realidade impactante e massacrante
Impulsionando meus atos a entrarem de acordo com cada circunstância
Cedendo as instâncias do viver em sociedade
E de ceder, perco o poder
Da dor ao riso, da lágrima faz-se um sorriso
Dar importância pra capacidade, enfrentando o caos da cidade
Sacrificando segundos de paz, pra tormenta que a cada dia se faz
Diferentemente, envolvente
Viver é o ato de quem faz.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Nada

Querido "nada",
Escrevo à parte de todos os acontecimentos acontecidos recentemente. Escrevo por impulso do nada saber sobre você agora. Essa vida é cheia de imprevistos e eu estou certo de que ainda não sei lidar com terça parte deles. Partilho na escrita porque é o único direito que verdadeiramente é meu.

Esse tempo parece pão de outro dia, dormido. Mas tem sempre alguém com muita fome e quer saciá-la com ele mesmo. Não sei qual é a minha trajetória. Tantas coisas aleatórias aconteceram desde que me entendo por gente. E tantas coisas parecem tão bem escondidas em um relicário, sei lá, que eu não consigo lembrar. 
Aí se vê, que memória a gente ganha quando nasce e perde quando cresce. Deveria estar tudo nos conformes, não é mesmo? Não. Conforme o que? Acho que eu já não acredito em coisas o suficiente para seguir os conformes. Nem escolha se tem. Nem escolha, nem ninguém. Talvez nascer sozinho seja um fardo que devemos carregar por castigo, e não nos lembramos de ter cometido um erro no escrotal do nosso pai. E se esse erro existe, todo mundo o comete. E aí, ao mesmo tempo, eu penso que às vezes é difícil suportar a minha própria companhia. Mãe não vale, mãe a gente já tá conformado e até aprende a gostar de estar junto grande parte –pelo menos, pra maioria, a mais importante- de nossas vidas, afinal, ela nos botou no mundo, não é mesmo? Pensar no mundo como quando nascemos parece tão bonito. Aí você vai envelhecendo e, ou se acostuma com isso tudo, ou fica muito perturbado. É verdade.

Nadica de nada: do que se é feito? Tudo que se dê para expressar, de alguma forma contém no espaço. O nada pode ser vácuo, mas o vácuo é presente também. E pronto. Pronto, nada é nada, nada é vácuo, vácuo também é presença, nós somos seres presenciais, então, estamos cheios de nada vagando de lá pra cá. E dentro do nada? Dentro de nadica de nada se têm espaço pra caber alguma coisa? Creio que sim. Se nada somos, basta olhar pros lados no centro da cidade e você pode ver que cada pessoa, com sua particularidade, estão se expressando, se mostrando e botando pra fora algum sentimento; seja raiva, seja contentamento, seja amor, seja qualquer coisa. Tem coisa dentro do nada. Tem coisa dentro da gente.

"Nada", me deparei com questões que me deixaram confuso. Confuso é um estado de espírito (há espírito em nós?) ou estado mental? Não sei bem à qual desses dois eu devo atribuir a confusão. Verdade, gosto muito de falar sobre particularidades, os assuntos mais pessoais, cada item que se encontra apenas em um indivíduo. Acredito que cada um deve cuidar do seu, e que ninguém deve achar-se no direito de apontar o contrário. Tenho notado também que a gente se vira do avesso por dentro tentando correr com algumas perturbações dentro da nossa cabeça. Se vira do avesso, se auto-flagela e ainda tem por obrigação enfrentar uma corja de covardes te dizendo o que é certo e o que é errado. Isso tá certo? Tá certo ter que olhar nos mesmos olhos dispersos e autoritários todos os dias? Não. Em minha opinião não. E eu, que não tenho nome, nem sangue de família importante (não pelo menos na minha época), terei que todos os dias me submeter às vontades alheias? Não quero não.
Não, não e não. Isso não tá certo. Ninguém tem razão.

Remetente desconhecido. Verão de '79. 
A mente não tem espelhos
Ao contrário do que diz os anseios
Que estão sempre se baseando em algo
Visto, ouvido, falado
Sensações nem sempre são provocações
Provocação depende da sua posição
Em relação à situação
Espelhando-se em grandes ações
Reproduzem-se invenções
Numa sociedade pouco criativa
Muito intuitiva
Nada copulativa
Sempre outiva
E toda fodida

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

using the heart to be good

Não é debaixo de um rosto encenado,
Nem do mais belo salto artístico,
Nem mesmo atrás dos olhos maquiados
Que está a farsa.
Não há farsa,
Seria muito tempo pra isso, não é mesmo?
Disso tirou-se uma afirmação,
Fingimento gera constrangimento.
Vivendo num conflito interno,
Virando os dedos por entre a caneta pra escrever verdadeiramente,
Rodopiando em desafios mentais.
E se perguntando: é bing-bong ou ding-dong?
É sempre a mesma impressão de soar tudo igual.
Mas sabe-se, logo, é igual
E no meio há uma caricatura,
No fundo há o coração.
E dele eu tirarei sangue até achar a verdade.
Eu sei que isso vai me ferrar,
Mas eu estou em grande confusão.
Beirando explosão, tipo vulcão prestes a erupção.
Só tem o que tá aqui dentro,
Faço artesanato da minha pele com calos,
Fico demasiado exposto aos ratos.
Poluído, desalmado.
Lapidando cada pedaço, cada farpa,
Com minuciosidade.
O que vou deixar,
Eu verei, 
Tu verás.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

E se a morte fosse, enfim, aceita como a melhor alternativa eu poderia morrer feliz agora mesmo. Sem ter que chamar por nomes, não pedindo, nem implorando, mas só esperando pra ouvir suas vozes ao fundo de todos os acontecimentos. Olhando pra todos os rostos e vendo todos com olhar meio tudo, meio nada, inclinado pra solidão e realização.

O que fazem melhor é nada sobre o argumento de que tudo irá melhorar. Não que eu tenha tanta pressa pelo fim, é que às vezes não é o suficiente afundar sua cabeça em um travesseiro esperando a tormenta passar.

E aqui dentro não tem nada, nem meio tudo, nem meio nada, nem coisíssima nenhuma. A gente não precisa esperar que digam o que estamos sentindo pra simplesmente sentir ou cair numa realidade antes não experimentada. Aliás, não precisamos esperar nem terça parte de alguém pra isso.

A Terra é a prisão, e não se sabe ao certo se há algo a mais que isso tudo. Então, abraçamos um vazio pensando estar cheio. Cheio de quê?


terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Filtrando a capacidade (ou não)

Verdade desmascarada,
Inquietação aguçada.
Liga e desliga,
Campanhinha aflita.
Barulhentas e explosivas,
Tiravam fora o tímpano do surdo,
Fazia gritar o mudo.
E calava toda ignorância em certa disputa,
De quem ouvia bem,
Ouvia bem a ninguém.
De quem bem falava,
Falava bem sobre nada,
Nada era o favorito dos que ouviam e falavam,
Tão bem que era de se calar alguém,
Cuja cabeça esteja bem à base de prozen.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O descanso que todos precisam, eu quero dar, eu vou dar...
Sem deixar de me doar.
Eu sei que você espera isso, eu sei que você precisa disso.
Sem aviso prévio, sem amasso,
Mas eu vou arejar, desajeitado.
Eu vou te dar todo o descanso.
Será longo o tempo,
Talvez eu precise também.
Sabemos quando não cabemos mais a alguém.
Um beijo, um abraço,
Não vou pro além, nem pra um novo alguém.
Eu vou sair de ti, deixar você aqui.
Um beijo, um abraço.
Bom, descanso, pequeno pássaro.

domingo, 29 de janeiro de 2012

se desfazendo

Como é difícil pegar esse tal de tempo,
Que às vezes em contratempo desfaz os minutos.
Agora já é depois.
E depois, depois, depois...

ente, ente, ente... demente

Fresca é a mente,
Fresca, sã e ardente.
O pensamento é aderente.
O esquecimento, infelizmente, presente.
Sorte o pássaro tem,
De não cantar pra alguém,
De não lembrar o que cantou,
Só saber que soprou.
Ora feliz, ora tristemente,
Canta lentamente,
A harmonia que lhe veio em sua pequena mente.
Não há quem represente tão bem
O canto do pássaro livre,
Tão livre que cisca e vai embora,
Levando a melodia,
Levando a alegria.

sábado, 28 de janeiro de 2012

depois das 3 (agora e depois)

Era uma voz muito suave,
Enchia-me de prazer e calor.
Ardia feito pimenta em minha boca,
Não era calor, era amor, (mas não falo de amor)
Talvez, depois, terror. (nem somente terror)
Mas o depois se foi,
E o agora veio,
E agora, sou eu e meu cruzeiro,
Cruzeiro, cinzeiro e saleiro,
Prevenindo a pressão,
Aumentando a tensão.
De leve, pés no chão,
Ando com o tempo.
Sem deslizar,
Sem bambear,
Pra não perder o momento.
Se o caminho é certo,
Eu vou direto,
Sem tropeçar no vento.
Devagar, sem precipitar,
Lentamente envelhecendo.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Franqueza

A franqueza,
De toda por si só
É de comparação com qualquer canção,
Composição e aflição.
O vômito dos sem fome,
O grito da mãe no parto.
De toda por si só,
Pode se tornar pó.
Por ser só franqueza,
Por determiná-la frieza.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Infla e esvazia

É uma troca de quereres. Todas as etapas, nenhuma ultrapassada.
Eu sinto por aí que a responsabilidade pesa no orgulho de todos. Pesa e pondera.
Te enche de tédio e depois você não consegue agüentar mais. Não que o peso seja maior, é que o cansaço subiu as paredes das veias, inflando o desprazer e matando lentamente a sanidade. Logo mais você vai morar em outro estado e se sentirá renovado. Tem uma vida nova, que logo menos fica chata e mais uma vez você se sente entediado.

Quando isso tudo se torna insustentável, então, você pondera. É hora de se perguntar quem está errando e melando o seu destino. Ou você descobre que é você mesmo, ou toma a sua culpa e faz dela de todos. E quando você opta pela segunda alternativa, normalmente sua vida vai inflar e esvaziar de alegria e tédio, sempre na mesma rotina seguindo os seus mesmos passos tortos. A questão não tá fora, está dentro, seja da cafeteria, do seu lar ou de você. E essas questões são sempre sem muitas respostas porque é você quem está mudando.

1.       Tome um café pela manhã
2.       Sempre tome um banho ao acordar (o sol vai parecer menos quente e o céu mais azul)
3.       Seu dia não vai sair como planejado
4.       Fumar causa câncer
5.       Quem fuma sabe, e você que não fuma também, mas quando acender o primeiro cigarro do dia vai estar pouco se importando pra advertência do ministério da saúde.
6.       Uma ou duas vezes ao dia você vai se perguntar por que ainda fuma
7.       O almoço só sai na hora quando você cai na rotina
8.       Isso é ótimo, sua vida será longa
9.       Mas também vai ser chata
10.   Se você se admirar ao menos uma vez ao dia, dê-se por sortudo, porque sua vida é muito bonita e seu olhar não é blasé.
11.   No trabalho você está indo muito bem. Até a hora que você quiser ir ao banheiro.
12.   Peidar e arrotar são tão comuns como bocejar. Só que fedorento.
13.   Nunca se sinta obrigado a fazer nada, a não ser que você seja muito bem pago por isso.
14.   Expressar-se por clichês vai te tornar robótico.
15.   Tire um tempo pra ler Glaucia Lewicki e literatura infantil
16.   Nunca siga o que eu disse acima, porque eu não sou o ministério da saúde, nem do trabalho, nem da vida plena e sadia.
17.   Tome mais um café.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A Construção da Alma

Desde os nossos primeiros passos, nos admiramos. Criamos idéias desde o primeiro momento em que algo novo nos é apresentado. Esse é a nossa alma, e já estamos construindo ela há tempos.

As demais coisas, após crescermos e nos tornarmos “adultos” não passam de meros borrões do que nós já sabíamos, desde muito pequenos. São sombras. Reflexos gerados por nossas sensações. A alma nada mais é do que todo o conhecimento, todas as idéias e percepções primárias. Essas são intactas, eternas, intransferíveis e imutáveis.

Cada novidade flui dentro de nós até chegar à alma. Lá elas ficam guardadas. Essas são as primeiras impressões. Talvez seja por isso todo esse sentimento de descontentamento, nada é muito surpreendente e nada nos abrange com tanta força, porque nós já vimos antes, inconscientemente nós já sabíamos e já tínhamos visto. É uma dádiva termos o poder de nos admirarmos com pequenas coisas ao longo da vida, porque afinal, é mais um conhecimento, mais uma preciosidade que vai direto pra esse mosaico de idéias. A alma é um mosaico.

O querer é efêmero, mas se toda vez que quisermos algo e deixar isso de lado, será mais uma coisa que deixaremos de ter. A importância do querer e ter são de tamanho inestimável. Alimentar esse querer pode ser também perigoso e você deve ser muito audacioso pra saciar isso.

Temos um olhar blasé não por causa de expectativas furadas, mas por conta do conhecimento que já temos. As sensações são sempre reflexos porque a alma que habita nosso corpo obtém aquelas idéias sentidas e vivenciadas já intactas, por isso é tudo tão igual, por já sabermos. A alma é eterna.

A sensação é ligada diretamente e infinitamente com a alma e toda a informação que nela está. Assim que algo é visto, sentido e apreciado, passa pra alma, e tal alma passa pros nossos sentidos todo o nosso conhecimento, tratando-se assim, de um laço infinito e imutável que você levará pelo resto de toda a sua existência.

Nunca deixe de se admirar, é admirando-se que tornamos as coisas mais bonitas e menos falsas. A admiração é o bem maior da humanidade, é o bem maior dentro de nós, crescendo e fazendo o espírito ascender-se. 

É isso e tudo

O sol se mostra. Do outro lado da lua não está muito escuro?
O outro lado da lua é aqui, dentro desse quarto. Nessa noite enfadonha.
A luz ofuscante lá fora é como areia nos olhos pra quem vê.
Encontrei alguns retalhos velhos. Vamos produzir?
Eu sei que eu faço algo melhor que segurar um cigarro durante algumas horas.
Essas mesmas horas desperdiçadas.
Vamos lá, é só questão de disponibilidade e está tudo certo.
Será uma doce reunião, você na cama e eu buscando algo pra beber.
Podemos ter um tempo?
Só vou reorganizar algumas idéias e colocá-las em prática.
Não quero cair no sono agora.
E eu nunca disse que isso era pra nós.
Só vou esperar pela manhã se eu já estiver bêbado o suficiente.
Então a gente encontra uma saída rápida e eficaz,
Depois dormimos. Eu e todos os meus trapilhos bagunçados.
Agora você está procurando saber o que faremos pra preencher o nosso dia.
Faça um café, por favor. Assim podemos começar bem.
Então eu fico observando, o nada do nada.
Você não sabe, mas eu só preciso de um amigo, de um ombro e de um pouco de carinho.
Então eu caio em desgraça, porque aquilo era cachaça e não abraços apertados.
Não pense que eu vou perder mais duas semanas me resolvendo. Porque isso eu faço em dois minutos se quiser.
Não me peça explicações, porque eu não preciso de uma mãe e não te devo nada. Certo?
Então foda-se que mais um dia tenha se passado e nós estamos à toa.
Não se trata de regras sociais para uma ocupação. Trata-se de uma satisfação própria.
Então pare de gritar, porque nós estamos sozinhos e eu não sou uma velha surda.
Tire o pijama, já é tarde e você não quer parecer que acabou de acordar, não é mesmo?
E aí você se senta do meu lado e assistimos juntos as desgraças na TV.
Depois, sou somente eu e minha auto-estima. Mas não é só isso.
É isso e tudo. Tudo mais e um pouco mais.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

"Faíscas cinzas, são as minhas próprias veias.
Algo mais que um sussurro, um súbito movimento do meu coração.
E eu sei, eu sei que terei que assisti-los partir. Apenas aguentar esse dia.

Desista do seu caminho, você poderia ser qualquer coisa.
Desistir do meu caminho e me perder,
Não hoje,
É culpa demais pra carregar.

Adoecido ao sol, você ousa dizer que me ama.
Mas você me pôs pra baixo e gritou que queria que eu morresse.
Querido, você sabe, sabe que eu nunca te machucaria dessa forma. Você é simplesmente lindo demais na sua dor.

Desistir do meu caminho, eu poderia ser qualquer coisa. Eu vou fazer minha própria estrada, sem o seu ódio sem sentido.

Então corra, e me odeie se isso te fizer sentir bem,
Eu não aguento mais ouvir seus gritos.
Você mentiu pra mim. Mas eu já estou crescidinho agora.
E eu não vou pagar por isso, querido.
Reivindicando a minha resposta. Não ligo se jogar a porta ao chão.
Eu encontrei a minha saída,
E você nunca mais vai me ferir novamente." The Last Song I'm Wasting On You
Essas são as ultimas palavras desperdiçadas.

Não sei quando poderei pisar livremente na rua como todos desejam que seja. Meus caminhos são conhecidos, mas opostos. Nem tudo se trata da minha escolha, eu quero retratar o inacabado esboço da minha vida. Essa vida que eu vivo.

Tudo o que eu não deixo pra trás. Tudo que me é arrancado. Tudo o que não é de minha vontade. Dói, quebra e eu me corto em pedaços. Pequenos demais pra concertar. De tamanho suficiente pra que eu me corte mais uma vez.

Tenho visto o mundo da forma que ouço uma música. E a música sempre acaba uma hora. Eu quero que se lembre de quando eu era forte o suficiente. Porque toda essa fortaleza caiu em ruínas. Não há reparo pra uma alma perdida. A vida me soa agora como o som de piano, tocado tristemente pra uma platéia desanimada. O pianista sou eu. A platéia é o meu reflexo. O som é a minha alma. As teclas do piano são as minhas lágrimas. Por mais que seja agradável, quero parar essa melodia.

Eu não consigo descrever. É descontentamento. É lamento. E essas são as ultimas palavras desperdiçadas. E quando eu disse que é perdendo-se que se encontra, eu menti. Por estar pedido há tanto, eu sei qual é a maior mentira. É aquela que balbuciamos baixinho quando estamos sós e perdidos. A maior mentira é a de sabedoria momentânea, quando na verdade é uma atitude impulsiva. Não existe sabedoria momentânea. Ninguém sabe por desespero. Por isso essa é a maior mentira. Porque ela engana sem perceber. Quando estava em apuros procurava por respostas e estas vinham com a facilidade de um sábio budista, por serem sempre muito confortantes elas me levaram a situações nada instantâneas, mas sempre muito eficazes. Impulso agressivo contra o peito. Depois você cai, sem precipitar. E mais uma vez, sem se encontrar.

Empurraram-me contra um poço gigantesco, eu nunca vou saber quando chegará ao fundo, porque se eu quiser, acabo com isso com a mesma facilidade que me arremessaram. A vida é esse poço. A gente bate nas pedras das paredes e quando o fundo chega... eu não sei, porque nunca cheguei. Só bati e me esfolei por conta própria.

Agora eu estou escondido em um lugar difícil. Não precisa me procurar. Prometo voltar, só deixa eu me reconstruir. Só serei remendos. Porque aquela fortaleza, se um dia existiu, hoje é pó sobre pedras.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

As Fases

As fases são como novelas narradas e vivenciadas presentes na vida. Ah, se eu pudesse, eu te diria na boa que nada existe dentro das fases. São passos em vão. Gritos na chuva. Tropeços e borrões deixados. Vivemos em uma sociedade burocrática que não admite fases. Compactamos a vida a mecanismos programados até a morte. Nada de grandes estripulias, nem grandes acertos. É como se ela já viesse pronta, sem até mesmo manual de instruções. Erro quando tento transformar programação em manual de instrução. Nada se correlaciona numa grande turbulência como uma vida vagarosamente automática. Até parece que os sentimentos são como óleo pra ferragem funcionar bem. Damos só um sentido quando dividimos tudo em somente fases. É como se fossem óbvias todas as circunstâncias e acasos. Nada se define, na verdade, porque uma vida pode ser longa ou curta. Pré-definições sócio-democráticas também não. Porque senso comum e falsa liberdade se expressão é o que eu espero que passemos longe... Dessas idéias e acertos sempre muito bonitinhos e nos conformes, dentro de todas as regras sociais e políticas.

Eu quero tristeza e dor, alegria e sensações de contentamento. Mas tudo o que temos são fabricações impostas e aceitas, na maioria das vezes, por toda a sociedade.

Eu posso estar generalizando, mas quando penso em sociedade, penso num conjuntinho conformado, manipulado e programado para uma vida monótona, sempre inconscientes botando goela abaixo idéias de segundos e terceiros, achando tudo que pensado por alguém no topo dessa hierarquia cruel, genial. O que é a genialidade diante da sociedade? Não passa de mais um enlatado.

Vamos lá, é só se utilizar de uma face sempre muito solícita a tudo que é ordenado que você já está dentro, é só fingir entendimento, ser superficial e mesquinho que você está incluso. Eu estou incluso, nós estamos. Nascemos dentro de uma exploradora de idéias, ideais e esforço humano. Muito mais esforço humano. Porque idéias e ideais você não adquire, você ganha como um brinde do Mc Donald’s, de um homem com ar generoso.

Fazer críticas a uma sociedade que me suga todos os dias é como criar um texto autodestrutivo. Tudo se volta contra nós. Até o sistema, sempre acolhedor, te metendo a foice nas costas sempre que pode.

Acontece que não se tem conclusões sobre isso. A gente sente e expõe, ou se opõe, ou se cala. Com o passar do tempo seus sentimentos vão sendo enferrujados por uma vida regada a trambique e tapa na cara, robotizados até que você seja uma máquina completa. Por hora, vou botando pra fora o amor e a tristeza que me cabem, antes que eu me compacte e me adapte a essa sociedade dentro das leis divinas e políticas. Por enquanto, minha lei é ter um pé cá e o outro na nuvem, quando eu cair será o julgamento final.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Eu sei que eu tenho despejado sorrisos em todos os lugares,
Poucas coisas me motivaram.
Eu tenho bebido muito.
E fumado também.
É só mais uma forma de enganar
Minha cabeça chapada e meu coração despedaçado.
Minha vida era tudo o que eu costumava ser,
Agora costumo beber pra me embriagar e fumar pra relaxar.
Não era pra ser assim.
Ouvi muitas músicas ruins durante alguns anos.
Faz parte de uma vida chata.
Eu te amo de muitas formas,
Se isso não estiver explícito, por favor,
Eu preciso ouvir muito ainda nessa vida.
E aprender sobre filosofia ou como um cavalheiro deve beber.
Porque eu me esqueci de todas as formas como um homem gentil deve agir.
E quando eu lembro é sempre buscando no fundo de um copo de cerveja.
Isso não é certo, meu amor.
Eu tenho que estar saudável,
Porque tudo o que eu tenho é uma saúde frágil e muitas músicas pra tocar.
Eu fui indelicado quando falei dos seus defeitos,
Mas meu bem, isso não é pra você.
Tento controlar minha bebedeira quando estamos no bar.
Essa memória de embriaguês é tudo o que eu tive durante alguns meses.
Por isso, não me apresente seu whisky preferido,
Nem me dê um de seus cigarros.
Eu não vou enlouquecer.
Porque eu estou com você agora.
E você tem sido um gentleman,
Por isso eu sou seu neste lugar.
Ou qualquer outro que quisermos estar.
Brevemente serei pra você nada do que esperava,
Serei um companheiro agradando seu homem.
E ajudando a soltar sua voz,
Porque você canta bem.
E suas músicas são retratos inimagináveis.
Estaremos juntos quando nossa canção tocar.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Sabido

Tinha um olhar sem defeito,
Não era nem perfeito, nem mal feito,
Nem no meio-termo podia se encaixar.
Era uma caixinha de surpresa.
Despertava sorrisos, mas pagava muito mico.
Sentia-se melhor no crepúsculo.
Sentia-se mal na madrugada.
Todos o achavam em cima do muro.
Nem muro tinha.
Que ignorância, o menino não era indeciso.
Era confuso,
Mas ligeiramente se resolvia.
Ele aprendeu tudo,
Não absorveu nada.
Era automático para falar sobre assuntos interessantes.
Era uma máquina muito humana, mas sabida.
Morreu cedo, coitado.
Ataque de asma. Estava indefeso e sem sua droga para curá-lo.
Trágico.
Era sabido, mas naquela tarde esqueceu-se do seu óleo, sua peça principal que fazia tudo volta a funcionar.
Antes de morrer teve uma tarde enfadonha. Já previa, já sabia. Era sabido o menino.
Mas morreu.
Uma pena.

Palavras

"Eu não escrevo pra ninguém e nem pra fazer música
E nem pra preencher o branco dessa página linda
Eu me entendo escrevendo
E vejo tudo sem vaidade
Só tem eu e esse branco
Ele me mostra o que eu não sei
E me faz ver o que não tem palavras
Por mais que eu tente, são só palavras
Por mais que eu me mate, são só palavras
Eu me entendo escrevendo
E vejo tudo sem vaidade
Só tem eu e esse branco
Ele me mostra o que eu não sei
E me faz ver o que não tem palavras
Por mais que eu tente são só palavras
Por mais que eu me mate são só palavras"

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Nem batom. Nem alma. Nem nada.

Eram 3h30 da madrugada. Ela estava entediada.
Trocou de roupa três vezes. Estava insatisfeita.

Curiosamente não eram só as roupas que não as estavam satisfazendo. Ela se perguntava mil vezes ao dia: “quem está habitando esse corpo? Eu? Meu reflexo? Minha vaidade?”. De nada valia se perguntar tantas vezes se a resposta que vinha era dela mesmo dizendo “não estou satisfeita”.

Nunca esteve. Quando era mais jovem nada a agradava. Nem os livros de histórias sobre princesas perfeitas eram o suficiente. Cada página ela perguntava, vagamente, para o próprio livro “quem são essas de tão boa alma? Ninguém pode ser tão bom assim”. Era uma aberração.

Passou um batom vermelho, depois de decidir a roupa. Olhando pro espelho ela disse pra ninguém “vou sair”. A resposta? Um remendo ecoado e uma imagem distorcida.

Vestida e pronta para “divertir-se”, ela saiu de casa mentalizando uma boa noite. Pegou um taxi, iria para melhor danceteria daquela cidade, com as melhores pessoas, em busca de companhia pra noite e sabendo que só o café forte da noite passada restaria pela manhã. Era tão romântica que silenciosamente dizia a todos os seus companheiros de noitada: “você irá me amar pela manhã?”. Nunca foi amada. Desacreditou-se.

Ordenou que o motorista parasse:
- Pare que eu vou descer aqui.
Assustado, pois eram 4 horas da manhã de um sábado chuvoso, o motorista retrucou:
- Mas senhora... – e foi interrompido.
- Só pare e vá embora, eu me viro daqui.

Desceu no meio de um viaduto vazio. “Só deve ter alma penada aqui”, pensou.
Chegou à beirada da barra de ferro enferrujada, abaixou seus olhos e numa atitude impulsiva, num grito silencioso de misericórdia, inclinou seu corpo e jogou-se. Morreu 10 minutos depois da queda. A dor foi efêmera. A vida foi efêmera. O batom vermelho se desmanchou. Nada restou, nem a própria alma. Viraria pó após alguns anos a sete palmos do chão. Ela era feliz, insatisfeita, triste e sabia que nada era capaz de mudar a forma que pensava. Nada era bom, nada era o suficiente. Não terminava nada. Nem aquela noite que prometeu a si que iria se divertir.  Nenhuma promessa quebrava seus atos incompletos.

Ela era incompleta. No fundo, queria morrer desde o primeiro minuto de vida.
A notícia não abalou a ninguém. Ela era invisível a olhos vaidosos e covardes. Ela já estava morta nos olhos alegres dos colegas de trabalho, de noitada e do seu meio de convívio. Ou melhor, seu meio morto-vivo.

Quando encontraram seu corpo no pé daquele viaduto, parecia uma bigorna obedecendo à lei da gravidade, pronta pra cair. Caiu. Nunca deixou de viver por nunca estar viva.

Ela acreditava que o sentido de vivenciar os fatos era devido ao sentimento imposto a cada momento. Ela nunca sentiu nada mais que tristeza, nada mais que desprezo. Por ela mesma.

Pobre menina tola, não morreu sua alma, nem suas idéias... morreu seu próprio corpo, que poucas histórias tinham pra contar. Ela degustou cada café com amargo de nicotina, cada perfume com ar de creolina. Pobre menina tola.

Você pode...

Você pode querer mudar a cor do céu, mas ele sempre será azul (ou negro).
Pode pegar tintas e pintar uma parede muito velha, mas atrás daquele verde limão ainda irá existir uma parede velha.
Pode maquiar-se pra esconder imperfeições da idade, mas naquele determinado momento você ainda vai ter a mesma idade, com os mesmos traços de imperfeição.
Pode ansiar por suicídio por vergonha de alguns atos, ou por um coração partido, mas os atos já foram perpetuados na memória da linha do tempo, e o seu coração irá parar de bater, sem remendos pra concertar.
Pode profanar a palavra “amor” aos sete ventos, mas ela vai ser vaga se nada tiver dentro de você.
Emoldurar uma vida, pendurar e achar que ela ficará boa aos olhos do expectador, não vão esconder os borrões e defeitos que lá estava, e sempre estará.

Em branco. A cores.

Pegue meu tempo.
Faça dele algo melhor que horas vagas.
É assim que eu ouço. É assim que dizem que eu deveria fazer.
Mas você age com tanta maestria sobre os acontecimentos que eu acredito que seja melhor para resolver isso.
É só mais uma coisa em branco, e vemos tudo negro.
Essa é a forma que minha mente trabalha. Respirando ares confusos e tentando desfazer um nó cego que eu criei.
“Existem tantas formas de encarar problemas”, essa é só mais uma mentira que eu conto pro meu coração. Mas minha mente sabe qual é a minha reação diante de fatos vergonhosos.
Quero me esconder.
Quero te esconder.
E mais uma vez será em vão. Não posso me encontrar, quiçá encontrar a você.
Não adianta achar que uma união fará isso acontecer. Não somos siameses, tais fatos encaramos sozinhos. Temos dois olhos e é apenas com eles que podemos enxergar.
As demais coisas são ilusões de óptica, inventadas pra dar a idéia de novos pontos de vista.
“Você não merece um ponto de vista, se a única coisa que você vê é você” PG - Paramore.

Silêncio: gostar ou não gostar?

De repente era só eu lá
Sentado, não esperava ninguém falar
Eu não sei o do que se faz o silêncio
Porém, podem ser mágoas, aflições ou tristeza, apenas
E mesmo assim insiste em machucar
Ferida calada, parecida com o silêncio que se fez
Dessa vez não é pra reclamar
Talvez seja só mais uma incerteza
Não sei se vou aguarda até que um som rompa esse silêncio inexplicável
Eu gosto de silenciar, mas não gosto de calar, só se cala quem cansou de falar, de ouvir ou de tentar procurar respostas corretas pra ressaltar
A um assunto ao qual nem queria escutar
Afinal, nada é pra já, por isso fico na incerteza do esperar
Há de haver outras horas, só quero me expor pra que entenda:
Eu também gosto de silenciar, também sou feito de mente fresca sempre querendo pensar
Mente de rios pra se mergulhar
Clichê também é algo pra se usar
Mas não basta só usar essas palavras
Ninguém as lerá, ninguém as entenderá e eu não quero me explicar
Estou como um ‘dois de paus’ aqui
Vendo e relendo tentando saber como organizar
Essas idéias avulsas, que não param nunca de voltar
Ah, mas são muito mais que idéias
São leves sopros no peito
Borbulhas no estômago e uma energia não decifrada por mim ainda, passando na garganta indo até a cabeça, dando uma embriaguês pro pensar
Não sei se é bom ou ruim, não quero saber. Aliás, quem saberá?
Pouco me importo, a ansiedade é maior por alívio que a vontade de dar nome as sensações efêmeras
Porque eu sei que vai passar
Tudo passa
Mas eu passo devagarzinho
Já dizia Mário Quintana
“todos estes que aí estão atravancando meu caminho: eles passarão, eu passarinho”
Eu passo assim, passos levinhos, quase querendo levitar
Acho que vai ficar no silêncio
Uma hora vai passar.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Natividade

Sou nativo de nenhuma nação.
Entrego-me fácil a solidão.
Faço rima fácil sem perceber e sem pensar, quando vi, já estava lá.
Não posso negar que é divertido rimar.
Não sou ditador do que digo,
Mudo ou então repito.
Mas dessa vez eu vou me calar
Bastam os tormentos, basta à farta falta de informação
Ninguém é dono de suas próprias idéias
Então, também não sou dono das palavras
Estas eu pego emprestado do dicionário
Só temos tais idéias em nossas mãos quando as botamos em concordância
O resto, o destino ou seja lá no que você acreditar, tratará hora ou outra de te tirar.