sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Essas são as ultimas palavras desperdiçadas.

Não sei quando poderei pisar livremente na rua como todos desejam que seja. Meus caminhos são conhecidos, mas opostos. Nem tudo se trata da minha escolha, eu quero retratar o inacabado esboço da minha vida. Essa vida que eu vivo.

Tudo o que eu não deixo pra trás. Tudo que me é arrancado. Tudo o que não é de minha vontade. Dói, quebra e eu me corto em pedaços. Pequenos demais pra concertar. De tamanho suficiente pra que eu me corte mais uma vez.

Tenho visto o mundo da forma que ouço uma música. E a música sempre acaba uma hora. Eu quero que se lembre de quando eu era forte o suficiente. Porque toda essa fortaleza caiu em ruínas. Não há reparo pra uma alma perdida. A vida me soa agora como o som de piano, tocado tristemente pra uma platéia desanimada. O pianista sou eu. A platéia é o meu reflexo. O som é a minha alma. As teclas do piano são as minhas lágrimas. Por mais que seja agradável, quero parar essa melodia.

Eu não consigo descrever. É descontentamento. É lamento. E essas são as ultimas palavras desperdiçadas. E quando eu disse que é perdendo-se que se encontra, eu menti. Por estar pedido há tanto, eu sei qual é a maior mentira. É aquela que balbuciamos baixinho quando estamos sós e perdidos. A maior mentira é a de sabedoria momentânea, quando na verdade é uma atitude impulsiva. Não existe sabedoria momentânea. Ninguém sabe por desespero. Por isso essa é a maior mentira. Porque ela engana sem perceber. Quando estava em apuros procurava por respostas e estas vinham com a facilidade de um sábio budista, por serem sempre muito confortantes elas me levaram a situações nada instantâneas, mas sempre muito eficazes. Impulso agressivo contra o peito. Depois você cai, sem precipitar. E mais uma vez, sem se encontrar.

Empurraram-me contra um poço gigantesco, eu nunca vou saber quando chegará ao fundo, porque se eu quiser, acabo com isso com a mesma facilidade que me arremessaram. A vida é esse poço. A gente bate nas pedras das paredes e quando o fundo chega... eu não sei, porque nunca cheguei. Só bati e me esfolei por conta própria.

Agora eu estou escondido em um lugar difícil. Não precisa me procurar. Prometo voltar, só deixa eu me reconstruir. Só serei remendos. Porque aquela fortaleza, se um dia existiu, hoje é pó sobre pedras.

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