terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Filtrando a capacidade (ou não)

Verdade desmascarada,
Inquietação aguçada.
Liga e desliga,
Campanhinha aflita.
Barulhentas e explosivas,
Tiravam fora o tímpano do surdo,
Fazia gritar o mudo.
E calava toda ignorância em certa disputa,
De quem ouvia bem,
Ouvia bem a ninguém.
De quem bem falava,
Falava bem sobre nada,
Nada era o favorito dos que ouviam e falavam,
Tão bem que era de se calar alguém,
Cuja cabeça esteja bem à base de prozen.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O descanso que todos precisam, eu quero dar, eu vou dar...
Sem deixar de me doar.
Eu sei que você espera isso, eu sei que você precisa disso.
Sem aviso prévio, sem amasso,
Mas eu vou arejar, desajeitado.
Eu vou te dar todo o descanso.
Será longo o tempo,
Talvez eu precise também.
Sabemos quando não cabemos mais a alguém.
Um beijo, um abraço,
Não vou pro além, nem pra um novo alguém.
Eu vou sair de ti, deixar você aqui.
Um beijo, um abraço.
Bom, descanso, pequeno pássaro.

domingo, 29 de janeiro de 2012

se desfazendo

Como é difícil pegar esse tal de tempo,
Que às vezes em contratempo desfaz os minutos.
Agora já é depois.
E depois, depois, depois...

ente, ente, ente... demente

Fresca é a mente,
Fresca, sã e ardente.
O pensamento é aderente.
O esquecimento, infelizmente, presente.
Sorte o pássaro tem,
De não cantar pra alguém,
De não lembrar o que cantou,
Só saber que soprou.
Ora feliz, ora tristemente,
Canta lentamente,
A harmonia que lhe veio em sua pequena mente.
Não há quem represente tão bem
O canto do pássaro livre,
Tão livre que cisca e vai embora,
Levando a melodia,
Levando a alegria.

sábado, 28 de janeiro de 2012

depois das 3 (agora e depois)

Era uma voz muito suave,
Enchia-me de prazer e calor.
Ardia feito pimenta em minha boca,
Não era calor, era amor, (mas não falo de amor)
Talvez, depois, terror. (nem somente terror)
Mas o depois se foi,
E o agora veio,
E agora, sou eu e meu cruzeiro,
Cruzeiro, cinzeiro e saleiro,
Prevenindo a pressão,
Aumentando a tensão.
De leve, pés no chão,
Ando com o tempo.
Sem deslizar,
Sem bambear,
Pra não perder o momento.
Se o caminho é certo,
Eu vou direto,
Sem tropeçar no vento.
Devagar, sem precipitar,
Lentamente envelhecendo.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Franqueza

A franqueza,
De toda por si só
É de comparação com qualquer canção,
Composição e aflição.
O vômito dos sem fome,
O grito da mãe no parto.
De toda por si só,
Pode se tornar pó.
Por ser só franqueza,
Por determiná-la frieza.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Infla e esvazia

É uma troca de quereres. Todas as etapas, nenhuma ultrapassada.
Eu sinto por aí que a responsabilidade pesa no orgulho de todos. Pesa e pondera.
Te enche de tédio e depois você não consegue agüentar mais. Não que o peso seja maior, é que o cansaço subiu as paredes das veias, inflando o desprazer e matando lentamente a sanidade. Logo mais você vai morar em outro estado e se sentirá renovado. Tem uma vida nova, que logo menos fica chata e mais uma vez você se sente entediado.

Quando isso tudo se torna insustentável, então, você pondera. É hora de se perguntar quem está errando e melando o seu destino. Ou você descobre que é você mesmo, ou toma a sua culpa e faz dela de todos. E quando você opta pela segunda alternativa, normalmente sua vida vai inflar e esvaziar de alegria e tédio, sempre na mesma rotina seguindo os seus mesmos passos tortos. A questão não tá fora, está dentro, seja da cafeteria, do seu lar ou de você. E essas questões são sempre sem muitas respostas porque é você quem está mudando.

1.       Tome um café pela manhã
2.       Sempre tome um banho ao acordar (o sol vai parecer menos quente e o céu mais azul)
3.       Seu dia não vai sair como planejado
4.       Fumar causa câncer
5.       Quem fuma sabe, e você que não fuma também, mas quando acender o primeiro cigarro do dia vai estar pouco se importando pra advertência do ministério da saúde.
6.       Uma ou duas vezes ao dia você vai se perguntar por que ainda fuma
7.       O almoço só sai na hora quando você cai na rotina
8.       Isso é ótimo, sua vida será longa
9.       Mas também vai ser chata
10.   Se você se admirar ao menos uma vez ao dia, dê-se por sortudo, porque sua vida é muito bonita e seu olhar não é blasé.
11.   No trabalho você está indo muito bem. Até a hora que você quiser ir ao banheiro.
12.   Peidar e arrotar são tão comuns como bocejar. Só que fedorento.
13.   Nunca se sinta obrigado a fazer nada, a não ser que você seja muito bem pago por isso.
14.   Expressar-se por clichês vai te tornar robótico.
15.   Tire um tempo pra ler Glaucia Lewicki e literatura infantil
16.   Nunca siga o que eu disse acima, porque eu não sou o ministério da saúde, nem do trabalho, nem da vida plena e sadia.
17.   Tome mais um café.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A Construção da Alma

Desde os nossos primeiros passos, nos admiramos. Criamos idéias desde o primeiro momento em que algo novo nos é apresentado. Esse é a nossa alma, e já estamos construindo ela há tempos.

As demais coisas, após crescermos e nos tornarmos “adultos” não passam de meros borrões do que nós já sabíamos, desde muito pequenos. São sombras. Reflexos gerados por nossas sensações. A alma nada mais é do que todo o conhecimento, todas as idéias e percepções primárias. Essas são intactas, eternas, intransferíveis e imutáveis.

Cada novidade flui dentro de nós até chegar à alma. Lá elas ficam guardadas. Essas são as primeiras impressões. Talvez seja por isso todo esse sentimento de descontentamento, nada é muito surpreendente e nada nos abrange com tanta força, porque nós já vimos antes, inconscientemente nós já sabíamos e já tínhamos visto. É uma dádiva termos o poder de nos admirarmos com pequenas coisas ao longo da vida, porque afinal, é mais um conhecimento, mais uma preciosidade que vai direto pra esse mosaico de idéias. A alma é um mosaico.

O querer é efêmero, mas se toda vez que quisermos algo e deixar isso de lado, será mais uma coisa que deixaremos de ter. A importância do querer e ter são de tamanho inestimável. Alimentar esse querer pode ser também perigoso e você deve ser muito audacioso pra saciar isso.

Temos um olhar blasé não por causa de expectativas furadas, mas por conta do conhecimento que já temos. As sensações são sempre reflexos porque a alma que habita nosso corpo obtém aquelas idéias sentidas e vivenciadas já intactas, por isso é tudo tão igual, por já sabermos. A alma é eterna.

A sensação é ligada diretamente e infinitamente com a alma e toda a informação que nela está. Assim que algo é visto, sentido e apreciado, passa pra alma, e tal alma passa pros nossos sentidos todo o nosso conhecimento, tratando-se assim, de um laço infinito e imutável que você levará pelo resto de toda a sua existência.

Nunca deixe de se admirar, é admirando-se que tornamos as coisas mais bonitas e menos falsas. A admiração é o bem maior da humanidade, é o bem maior dentro de nós, crescendo e fazendo o espírito ascender-se. 

É isso e tudo

O sol se mostra. Do outro lado da lua não está muito escuro?
O outro lado da lua é aqui, dentro desse quarto. Nessa noite enfadonha.
A luz ofuscante lá fora é como areia nos olhos pra quem vê.
Encontrei alguns retalhos velhos. Vamos produzir?
Eu sei que eu faço algo melhor que segurar um cigarro durante algumas horas.
Essas mesmas horas desperdiçadas.
Vamos lá, é só questão de disponibilidade e está tudo certo.
Será uma doce reunião, você na cama e eu buscando algo pra beber.
Podemos ter um tempo?
Só vou reorganizar algumas idéias e colocá-las em prática.
Não quero cair no sono agora.
E eu nunca disse que isso era pra nós.
Só vou esperar pela manhã se eu já estiver bêbado o suficiente.
Então a gente encontra uma saída rápida e eficaz,
Depois dormimos. Eu e todos os meus trapilhos bagunçados.
Agora você está procurando saber o que faremos pra preencher o nosso dia.
Faça um café, por favor. Assim podemos começar bem.
Então eu fico observando, o nada do nada.
Você não sabe, mas eu só preciso de um amigo, de um ombro e de um pouco de carinho.
Então eu caio em desgraça, porque aquilo era cachaça e não abraços apertados.
Não pense que eu vou perder mais duas semanas me resolvendo. Porque isso eu faço em dois minutos se quiser.
Não me peça explicações, porque eu não preciso de uma mãe e não te devo nada. Certo?
Então foda-se que mais um dia tenha se passado e nós estamos à toa.
Não se trata de regras sociais para uma ocupação. Trata-se de uma satisfação própria.
Então pare de gritar, porque nós estamos sozinhos e eu não sou uma velha surda.
Tire o pijama, já é tarde e você não quer parecer que acabou de acordar, não é mesmo?
E aí você se senta do meu lado e assistimos juntos as desgraças na TV.
Depois, sou somente eu e minha auto-estima. Mas não é só isso.
É isso e tudo. Tudo mais e um pouco mais.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

"Faíscas cinzas, são as minhas próprias veias.
Algo mais que um sussurro, um súbito movimento do meu coração.
E eu sei, eu sei que terei que assisti-los partir. Apenas aguentar esse dia.

Desista do seu caminho, você poderia ser qualquer coisa.
Desistir do meu caminho e me perder,
Não hoje,
É culpa demais pra carregar.

Adoecido ao sol, você ousa dizer que me ama.
Mas você me pôs pra baixo e gritou que queria que eu morresse.
Querido, você sabe, sabe que eu nunca te machucaria dessa forma. Você é simplesmente lindo demais na sua dor.

Desistir do meu caminho, eu poderia ser qualquer coisa. Eu vou fazer minha própria estrada, sem o seu ódio sem sentido.

Então corra, e me odeie se isso te fizer sentir bem,
Eu não aguento mais ouvir seus gritos.
Você mentiu pra mim. Mas eu já estou crescidinho agora.
E eu não vou pagar por isso, querido.
Reivindicando a minha resposta. Não ligo se jogar a porta ao chão.
Eu encontrei a minha saída,
E você nunca mais vai me ferir novamente." The Last Song I'm Wasting On You
Essas são as ultimas palavras desperdiçadas.

Não sei quando poderei pisar livremente na rua como todos desejam que seja. Meus caminhos são conhecidos, mas opostos. Nem tudo se trata da minha escolha, eu quero retratar o inacabado esboço da minha vida. Essa vida que eu vivo.

Tudo o que eu não deixo pra trás. Tudo que me é arrancado. Tudo o que não é de minha vontade. Dói, quebra e eu me corto em pedaços. Pequenos demais pra concertar. De tamanho suficiente pra que eu me corte mais uma vez.

Tenho visto o mundo da forma que ouço uma música. E a música sempre acaba uma hora. Eu quero que se lembre de quando eu era forte o suficiente. Porque toda essa fortaleza caiu em ruínas. Não há reparo pra uma alma perdida. A vida me soa agora como o som de piano, tocado tristemente pra uma platéia desanimada. O pianista sou eu. A platéia é o meu reflexo. O som é a minha alma. As teclas do piano são as minhas lágrimas. Por mais que seja agradável, quero parar essa melodia.

Eu não consigo descrever. É descontentamento. É lamento. E essas são as ultimas palavras desperdiçadas. E quando eu disse que é perdendo-se que se encontra, eu menti. Por estar pedido há tanto, eu sei qual é a maior mentira. É aquela que balbuciamos baixinho quando estamos sós e perdidos. A maior mentira é a de sabedoria momentânea, quando na verdade é uma atitude impulsiva. Não existe sabedoria momentânea. Ninguém sabe por desespero. Por isso essa é a maior mentira. Porque ela engana sem perceber. Quando estava em apuros procurava por respostas e estas vinham com a facilidade de um sábio budista, por serem sempre muito confortantes elas me levaram a situações nada instantâneas, mas sempre muito eficazes. Impulso agressivo contra o peito. Depois você cai, sem precipitar. E mais uma vez, sem se encontrar.

Empurraram-me contra um poço gigantesco, eu nunca vou saber quando chegará ao fundo, porque se eu quiser, acabo com isso com a mesma facilidade que me arremessaram. A vida é esse poço. A gente bate nas pedras das paredes e quando o fundo chega... eu não sei, porque nunca cheguei. Só bati e me esfolei por conta própria.

Agora eu estou escondido em um lugar difícil. Não precisa me procurar. Prometo voltar, só deixa eu me reconstruir. Só serei remendos. Porque aquela fortaleza, se um dia existiu, hoje é pó sobre pedras.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

As Fases

As fases são como novelas narradas e vivenciadas presentes na vida. Ah, se eu pudesse, eu te diria na boa que nada existe dentro das fases. São passos em vão. Gritos na chuva. Tropeços e borrões deixados. Vivemos em uma sociedade burocrática que não admite fases. Compactamos a vida a mecanismos programados até a morte. Nada de grandes estripulias, nem grandes acertos. É como se ela já viesse pronta, sem até mesmo manual de instruções. Erro quando tento transformar programação em manual de instrução. Nada se correlaciona numa grande turbulência como uma vida vagarosamente automática. Até parece que os sentimentos são como óleo pra ferragem funcionar bem. Damos só um sentido quando dividimos tudo em somente fases. É como se fossem óbvias todas as circunstâncias e acasos. Nada se define, na verdade, porque uma vida pode ser longa ou curta. Pré-definições sócio-democráticas também não. Porque senso comum e falsa liberdade se expressão é o que eu espero que passemos longe... Dessas idéias e acertos sempre muito bonitinhos e nos conformes, dentro de todas as regras sociais e políticas.

Eu quero tristeza e dor, alegria e sensações de contentamento. Mas tudo o que temos são fabricações impostas e aceitas, na maioria das vezes, por toda a sociedade.

Eu posso estar generalizando, mas quando penso em sociedade, penso num conjuntinho conformado, manipulado e programado para uma vida monótona, sempre inconscientes botando goela abaixo idéias de segundos e terceiros, achando tudo que pensado por alguém no topo dessa hierarquia cruel, genial. O que é a genialidade diante da sociedade? Não passa de mais um enlatado.

Vamos lá, é só se utilizar de uma face sempre muito solícita a tudo que é ordenado que você já está dentro, é só fingir entendimento, ser superficial e mesquinho que você está incluso. Eu estou incluso, nós estamos. Nascemos dentro de uma exploradora de idéias, ideais e esforço humano. Muito mais esforço humano. Porque idéias e ideais você não adquire, você ganha como um brinde do Mc Donald’s, de um homem com ar generoso.

Fazer críticas a uma sociedade que me suga todos os dias é como criar um texto autodestrutivo. Tudo se volta contra nós. Até o sistema, sempre acolhedor, te metendo a foice nas costas sempre que pode.

Acontece que não se tem conclusões sobre isso. A gente sente e expõe, ou se opõe, ou se cala. Com o passar do tempo seus sentimentos vão sendo enferrujados por uma vida regada a trambique e tapa na cara, robotizados até que você seja uma máquina completa. Por hora, vou botando pra fora o amor e a tristeza que me cabem, antes que eu me compacte e me adapte a essa sociedade dentro das leis divinas e políticas. Por enquanto, minha lei é ter um pé cá e o outro na nuvem, quando eu cair será o julgamento final.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Eu sei que eu tenho despejado sorrisos em todos os lugares,
Poucas coisas me motivaram.
Eu tenho bebido muito.
E fumado também.
É só mais uma forma de enganar
Minha cabeça chapada e meu coração despedaçado.
Minha vida era tudo o que eu costumava ser,
Agora costumo beber pra me embriagar e fumar pra relaxar.
Não era pra ser assim.
Ouvi muitas músicas ruins durante alguns anos.
Faz parte de uma vida chata.
Eu te amo de muitas formas,
Se isso não estiver explícito, por favor,
Eu preciso ouvir muito ainda nessa vida.
E aprender sobre filosofia ou como um cavalheiro deve beber.
Porque eu me esqueci de todas as formas como um homem gentil deve agir.
E quando eu lembro é sempre buscando no fundo de um copo de cerveja.
Isso não é certo, meu amor.
Eu tenho que estar saudável,
Porque tudo o que eu tenho é uma saúde frágil e muitas músicas pra tocar.
Eu fui indelicado quando falei dos seus defeitos,
Mas meu bem, isso não é pra você.
Tento controlar minha bebedeira quando estamos no bar.
Essa memória de embriaguês é tudo o que eu tive durante alguns meses.
Por isso, não me apresente seu whisky preferido,
Nem me dê um de seus cigarros.
Eu não vou enlouquecer.
Porque eu estou com você agora.
E você tem sido um gentleman,
Por isso eu sou seu neste lugar.
Ou qualquer outro que quisermos estar.
Brevemente serei pra você nada do que esperava,
Serei um companheiro agradando seu homem.
E ajudando a soltar sua voz,
Porque você canta bem.
E suas músicas são retratos inimagináveis.
Estaremos juntos quando nossa canção tocar.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Sabido

Tinha um olhar sem defeito,
Não era nem perfeito, nem mal feito,
Nem no meio-termo podia se encaixar.
Era uma caixinha de surpresa.
Despertava sorrisos, mas pagava muito mico.
Sentia-se melhor no crepúsculo.
Sentia-se mal na madrugada.
Todos o achavam em cima do muro.
Nem muro tinha.
Que ignorância, o menino não era indeciso.
Era confuso,
Mas ligeiramente se resolvia.
Ele aprendeu tudo,
Não absorveu nada.
Era automático para falar sobre assuntos interessantes.
Era uma máquina muito humana, mas sabida.
Morreu cedo, coitado.
Ataque de asma. Estava indefeso e sem sua droga para curá-lo.
Trágico.
Era sabido, mas naquela tarde esqueceu-se do seu óleo, sua peça principal que fazia tudo volta a funcionar.
Antes de morrer teve uma tarde enfadonha. Já previa, já sabia. Era sabido o menino.
Mas morreu.
Uma pena.

Palavras

"Eu não escrevo pra ninguém e nem pra fazer música
E nem pra preencher o branco dessa página linda
Eu me entendo escrevendo
E vejo tudo sem vaidade
Só tem eu e esse branco
Ele me mostra o que eu não sei
E me faz ver o que não tem palavras
Por mais que eu tente, são só palavras
Por mais que eu me mate, são só palavras
Eu me entendo escrevendo
E vejo tudo sem vaidade
Só tem eu e esse branco
Ele me mostra o que eu não sei
E me faz ver o que não tem palavras
Por mais que eu tente são só palavras
Por mais que eu me mate são só palavras"

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Nem batom. Nem alma. Nem nada.

Eram 3h30 da madrugada. Ela estava entediada.
Trocou de roupa três vezes. Estava insatisfeita.

Curiosamente não eram só as roupas que não as estavam satisfazendo. Ela se perguntava mil vezes ao dia: “quem está habitando esse corpo? Eu? Meu reflexo? Minha vaidade?”. De nada valia se perguntar tantas vezes se a resposta que vinha era dela mesmo dizendo “não estou satisfeita”.

Nunca esteve. Quando era mais jovem nada a agradava. Nem os livros de histórias sobre princesas perfeitas eram o suficiente. Cada página ela perguntava, vagamente, para o próprio livro “quem são essas de tão boa alma? Ninguém pode ser tão bom assim”. Era uma aberração.

Passou um batom vermelho, depois de decidir a roupa. Olhando pro espelho ela disse pra ninguém “vou sair”. A resposta? Um remendo ecoado e uma imagem distorcida.

Vestida e pronta para “divertir-se”, ela saiu de casa mentalizando uma boa noite. Pegou um taxi, iria para melhor danceteria daquela cidade, com as melhores pessoas, em busca de companhia pra noite e sabendo que só o café forte da noite passada restaria pela manhã. Era tão romântica que silenciosamente dizia a todos os seus companheiros de noitada: “você irá me amar pela manhã?”. Nunca foi amada. Desacreditou-se.

Ordenou que o motorista parasse:
- Pare que eu vou descer aqui.
Assustado, pois eram 4 horas da manhã de um sábado chuvoso, o motorista retrucou:
- Mas senhora... – e foi interrompido.
- Só pare e vá embora, eu me viro daqui.

Desceu no meio de um viaduto vazio. “Só deve ter alma penada aqui”, pensou.
Chegou à beirada da barra de ferro enferrujada, abaixou seus olhos e numa atitude impulsiva, num grito silencioso de misericórdia, inclinou seu corpo e jogou-se. Morreu 10 minutos depois da queda. A dor foi efêmera. A vida foi efêmera. O batom vermelho se desmanchou. Nada restou, nem a própria alma. Viraria pó após alguns anos a sete palmos do chão. Ela era feliz, insatisfeita, triste e sabia que nada era capaz de mudar a forma que pensava. Nada era bom, nada era o suficiente. Não terminava nada. Nem aquela noite que prometeu a si que iria se divertir.  Nenhuma promessa quebrava seus atos incompletos.

Ela era incompleta. No fundo, queria morrer desde o primeiro minuto de vida.
A notícia não abalou a ninguém. Ela era invisível a olhos vaidosos e covardes. Ela já estava morta nos olhos alegres dos colegas de trabalho, de noitada e do seu meio de convívio. Ou melhor, seu meio morto-vivo.

Quando encontraram seu corpo no pé daquele viaduto, parecia uma bigorna obedecendo à lei da gravidade, pronta pra cair. Caiu. Nunca deixou de viver por nunca estar viva.

Ela acreditava que o sentido de vivenciar os fatos era devido ao sentimento imposto a cada momento. Ela nunca sentiu nada mais que tristeza, nada mais que desprezo. Por ela mesma.

Pobre menina tola, não morreu sua alma, nem suas idéias... morreu seu próprio corpo, que poucas histórias tinham pra contar. Ela degustou cada café com amargo de nicotina, cada perfume com ar de creolina. Pobre menina tola.

Você pode...

Você pode querer mudar a cor do céu, mas ele sempre será azul (ou negro).
Pode pegar tintas e pintar uma parede muito velha, mas atrás daquele verde limão ainda irá existir uma parede velha.
Pode maquiar-se pra esconder imperfeições da idade, mas naquele determinado momento você ainda vai ter a mesma idade, com os mesmos traços de imperfeição.
Pode ansiar por suicídio por vergonha de alguns atos, ou por um coração partido, mas os atos já foram perpetuados na memória da linha do tempo, e o seu coração irá parar de bater, sem remendos pra concertar.
Pode profanar a palavra “amor” aos sete ventos, mas ela vai ser vaga se nada tiver dentro de você.
Emoldurar uma vida, pendurar e achar que ela ficará boa aos olhos do expectador, não vão esconder os borrões e defeitos que lá estava, e sempre estará.

Em branco. A cores.

Pegue meu tempo.
Faça dele algo melhor que horas vagas.
É assim que eu ouço. É assim que dizem que eu deveria fazer.
Mas você age com tanta maestria sobre os acontecimentos que eu acredito que seja melhor para resolver isso.
É só mais uma coisa em branco, e vemos tudo negro.
Essa é a forma que minha mente trabalha. Respirando ares confusos e tentando desfazer um nó cego que eu criei.
“Existem tantas formas de encarar problemas”, essa é só mais uma mentira que eu conto pro meu coração. Mas minha mente sabe qual é a minha reação diante de fatos vergonhosos.
Quero me esconder.
Quero te esconder.
E mais uma vez será em vão. Não posso me encontrar, quiçá encontrar a você.
Não adianta achar que uma união fará isso acontecer. Não somos siameses, tais fatos encaramos sozinhos. Temos dois olhos e é apenas com eles que podemos enxergar.
As demais coisas são ilusões de óptica, inventadas pra dar a idéia de novos pontos de vista.
“Você não merece um ponto de vista, se a única coisa que você vê é você” PG - Paramore.

Silêncio: gostar ou não gostar?

De repente era só eu lá
Sentado, não esperava ninguém falar
Eu não sei o do que se faz o silêncio
Porém, podem ser mágoas, aflições ou tristeza, apenas
E mesmo assim insiste em machucar
Ferida calada, parecida com o silêncio que se fez
Dessa vez não é pra reclamar
Talvez seja só mais uma incerteza
Não sei se vou aguarda até que um som rompa esse silêncio inexplicável
Eu gosto de silenciar, mas não gosto de calar, só se cala quem cansou de falar, de ouvir ou de tentar procurar respostas corretas pra ressaltar
A um assunto ao qual nem queria escutar
Afinal, nada é pra já, por isso fico na incerteza do esperar
Há de haver outras horas, só quero me expor pra que entenda:
Eu também gosto de silenciar, também sou feito de mente fresca sempre querendo pensar
Mente de rios pra se mergulhar
Clichê também é algo pra se usar
Mas não basta só usar essas palavras
Ninguém as lerá, ninguém as entenderá e eu não quero me explicar
Estou como um ‘dois de paus’ aqui
Vendo e relendo tentando saber como organizar
Essas idéias avulsas, que não param nunca de voltar
Ah, mas são muito mais que idéias
São leves sopros no peito
Borbulhas no estômago e uma energia não decifrada por mim ainda, passando na garganta indo até a cabeça, dando uma embriaguês pro pensar
Não sei se é bom ou ruim, não quero saber. Aliás, quem saberá?
Pouco me importo, a ansiedade é maior por alívio que a vontade de dar nome as sensações efêmeras
Porque eu sei que vai passar
Tudo passa
Mas eu passo devagarzinho
Já dizia Mário Quintana
“todos estes que aí estão atravancando meu caminho: eles passarão, eu passarinho”
Eu passo assim, passos levinhos, quase querendo levitar
Acho que vai ficar no silêncio
Uma hora vai passar.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Natividade

Sou nativo de nenhuma nação.
Entrego-me fácil a solidão.
Faço rima fácil sem perceber e sem pensar, quando vi, já estava lá.
Não posso negar que é divertido rimar.
Não sou ditador do que digo,
Mudo ou então repito.
Mas dessa vez eu vou me calar
Bastam os tormentos, basta à farta falta de informação
Ninguém é dono de suas próprias idéias
Então, também não sou dono das palavras
Estas eu pego emprestado do dicionário
Só temos tais idéias em nossas mãos quando as botamos em concordância
O resto, o destino ou seja lá no que você acreditar, tratará hora ou outra de te tirar.