quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

da dor ao riso

Da dor ao riso, eu arrisco minhas chances no meio da multidão
Entrando de cabeça numa realidade impactante e massacrante
Impulsionando meus atos a entrarem de acordo com cada circunstância
Cedendo as instâncias do viver em sociedade
E de ceder, perco o poder
Da dor ao riso, da lágrima faz-se um sorriso
Dar importância pra capacidade, enfrentando o caos da cidade
Sacrificando segundos de paz, pra tormenta que a cada dia se faz
Diferentemente, envolvente
Viver é o ato de quem faz.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Nada

Querido "nada",
Escrevo à parte de todos os acontecimentos acontecidos recentemente. Escrevo por impulso do nada saber sobre você agora. Essa vida é cheia de imprevistos e eu estou certo de que ainda não sei lidar com terça parte deles. Partilho na escrita porque é o único direito que verdadeiramente é meu.

Esse tempo parece pão de outro dia, dormido. Mas tem sempre alguém com muita fome e quer saciá-la com ele mesmo. Não sei qual é a minha trajetória. Tantas coisas aleatórias aconteceram desde que me entendo por gente. E tantas coisas parecem tão bem escondidas em um relicário, sei lá, que eu não consigo lembrar. 
Aí se vê, que memória a gente ganha quando nasce e perde quando cresce. Deveria estar tudo nos conformes, não é mesmo? Não. Conforme o que? Acho que eu já não acredito em coisas o suficiente para seguir os conformes. Nem escolha se tem. Nem escolha, nem ninguém. Talvez nascer sozinho seja um fardo que devemos carregar por castigo, e não nos lembramos de ter cometido um erro no escrotal do nosso pai. E se esse erro existe, todo mundo o comete. E aí, ao mesmo tempo, eu penso que às vezes é difícil suportar a minha própria companhia. Mãe não vale, mãe a gente já tá conformado e até aprende a gostar de estar junto grande parte –pelo menos, pra maioria, a mais importante- de nossas vidas, afinal, ela nos botou no mundo, não é mesmo? Pensar no mundo como quando nascemos parece tão bonito. Aí você vai envelhecendo e, ou se acostuma com isso tudo, ou fica muito perturbado. É verdade.

Nadica de nada: do que se é feito? Tudo que se dê para expressar, de alguma forma contém no espaço. O nada pode ser vácuo, mas o vácuo é presente também. E pronto. Pronto, nada é nada, nada é vácuo, vácuo também é presença, nós somos seres presenciais, então, estamos cheios de nada vagando de lá pra cá. E dentro do nada? Dentro de nadica de nada se têm espaço pra caber alguma coisa? Creio que sim. Se nada somos, basta olhar pros lados no centro da cidade e você pode ver que cada pessoa, com sua particularidade, estão se expressando, se mostrando e botando pra fora algum sentimento; seja raiva, seja contentamento, seja amor, seja qualquer coisa. Tem coisa dentro do nada. Tem coisa dentro da gente.

"Nada", me deparei com questões que me deixaram confuso. Confuso é um estado de espírito (há espírito em nós?) ou estado mental? Não sei bem à qual desses dois eu devo atribuir a confusão. Verdade, gosto muito de falar sobre particularidades, os assuntos mais pessoais, cada item que se encontra apenas em um indivíduo. Acredito que cada um deve cuidar do seu, e que ninguém deve achar-se no direito de apontar o contrário. Tenho notado também que a gente se vira do avesso por dentro tentando correr com algumas perturbações dentro da nossa cabeça. Se vira do avesso, se auto-flagela e ainda tem por obrigação enfrentar uma corja de covardes te dizendo o que é certo e o que é errado. Isso tá certo? Tá certo ter que olhar nos mesmos olhos dispersos e autoritários todos os dias? Não. Em minha opinião não. E eu, que não tenho nome, nem sangue de família importante (não pelo menos na minha época), terei que todos os dias me submeter às vontades alheias? Não quero não.
Não, não e não. Isso não tá certo. Ninguém tem razão.

Remetente desconhecido. Verão de '79. 
A mente não tem espelhos
Ao contrário do que diz os anseios
Que estão sempre se baseando em algo
Visto, ouvido, falado
Sensações nem sempre são provocações
Provocação depende da sua posição
Em relação à situação
Espelhando-se em grandes ações
Reproduzem-se invenções
Numa sociedade pouco criativa
Muito intuitiva
Nada copulativa
Sempre outiva
E toda fodida

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

using the heart to be good

Não é debaixo de um rosto encenado,
Nem do mais belo salto artístico,
Nem mesmo atrás dos olhos maquiados
Que está a farsa.
Não há farsa,
Seria muito tempo pra isso, não é mesmo?
Disso tirou-se uma afirmação,
Fingimento gera constrangimento.
Vivendo num conflito interno,
Virando os dedos por entre a caneta pra escrever verdadeiramente,
Rodopiando em desafios mentais.
E se perguntando: é bing-bong ou ding-dong?
É sempre a mesma impressão de soar tudo igual.
Mas sabe-se, logo, é igual
E no meio há uma caricatura,
No fundo há o coração.
E dele eu tirarei sangue até achar a verdade.
Eu sei que isso vai me ferrar,
Mas eu estou em grande confusão.
Beirando explosão, tipo vulcão prestes a erupção.
Só tem o que tá aqui dentro,
Faço artesanato da minha pele com calos,
Fico demasiado exposto aos ratos.
Poluído, desalmado.
Lapidando cada pedaço, cada farpa,
Com minuciosidade.
O que vou deixar,
Eu verei, 
Tu verás.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

E se a morte fosse, enfim, aceita como a melhor alternativa eu poderia morrer feliz agora mesmo. Sem ter que chamar por nomes, não pedindo, nem implorando, mas só esperando pra ouvir suas vozes ao fundo de todos os acontecimentos. Olhando pra todos os rostos e vendo todos com olhar meio tudo, meio nada, inclinado pra solidão e realização.

O que fazem melhor é nada sobre o argumento de que tudo irá melhorar. Não que eu tenha tanta pressa pelo fim, é que às vezes não é o suficiente afundar sua cabeça em um travesseiro esperando a tormenta passar.

E aqui dentro não tem nada, nem meio tudo, nem meio nada, nem coisíssima nenhuma. A gente não precisa esperar que digam o que estamos sentindo pra simplesmente sentir ou cair numa realidade antes não experimentada. Aliás, não precisamos esperar nem terça parte de alguém pra isso.

A Terra é a prisão, e não se sabe ao certo se há algo a mais que isso tudo. Então, abraçamos um vazio pensando estar cheio. Cheio de quê?