Partir é de querer racional. Não generalista, mas sim, individualista. Racionalmente, envolvendo-se em cada ponto para partida ou de partida, talvez possa se entender o motivo da ida (ou vinda). Mas se esvai toda sanidade quando a dor lacrimeja nos olhos a cada minuto se separando pela distância.
Esse tempo nosso, somente nosso. Esse curto espaço de tempo e estalo nas ideias da certeza de partida. Realizando a cada passo o ponto inicial, duvidando das incertezas dos dois centímetros à frente. Mas parte, como que na certeza de uma mãe em trabalho de parto do filho que está para chegar, ela sabe, é menino (ou menina), mas das suas características, do som de seu choro, seu tamanho e como ele vai crescer a medida que ela envelhecer, nunca saberá.
Vai certo do incerto, decidido por teimosia da própria criação, vai. Por todos os infortúnios que estão atravancando seu caminho, a certeza cresce. De dentro pra fora a ânsia e a curiosidade vai deixando embasbacado, assim que nem viu passarinho verde contando história da carochinha.
Vai, de certo que sim. Mas não partiu ainda. Teoricamente elaborado, praticamente iniciado. Na prática que a saudade vem. Se de saudade morrer – o que é improvável de se suceder-, não volta, enterra com a certeza que partiu, enterra com a certeza de que sentiu medo, enterra, só enterra, sabendo que não saber pra onde vai é uma hipótese universal, só que o ser humano “é sabido” demais pra admitir que nada sabe.
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