quarta-feira, 23 de maio de 2012

Fui ver a cor de outro lugar. Fui experimentar do ar de uma nova cidade, de outra idade. Eu vi um pássaro ser livre. Vi um outro morrer. Senti o tal aroma da dama da noite (que deixa rastro por uma quadra inteira). Vi a "melhor idade" tomando espaço em praça pública com música. Vi violinista tocar Mozart em troca de pessoas que só pudessem ouvir. Entrelacei linhas pra um crochê e desfiz pontos pacientemente. Paciência essa, aliás, que adquiri depois de muito tempo. Eu vi a cor do dinheiro, senti sua textura, verbalizei a sua utilidade, engrandeci, por isso, o despojado. E por ser minimalista, recuei. Devolvi a dignidade tida como cédula, e antes disso, lutei pela satisfação em Reais. Eu senti a fúria de um frustrado. Devolvi como justo. Conheci gente o suficiente para afirmar em mim o sentimento de que não se deve subestimar as pessoas, principalmente pelo o que fala, veste e demonstra nos olhos. Contei o que tinha pra contar, contudo, o retorno foi dobrar essas histórias. Formulei, em ordem, todas as necessidades, todas as contas, todas as importâncias. E olha, saiu tudo como nunca fora planejado, que surpresa. Falando em surpresas, me surpreendi com a falta de educação e com um coração muito bom que apareceu. Podendo rever todos os lugares, podendo encontrar todos esses corações, podendo sentir de tudo um pouco, agraciado pela atenção que tive, por todas as coisas que pude, eu vi essa ilusão de papel em branco em cristal líquido e escrevi.

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