As urgências esfarrapam os
acasos
E ensandecido é aquele que
tomou tempo
Numa espécie de limbo
Onde tempo é contado e
cronometrado
Não se passa, corre
Não venta, faz vendaval
O que dorme é interrompido
Vira sonâmbulo, perdido
Tic tac, ele conta
E não se ultrapassa as horas
de sono mal dormidas
Passante com sono
Sonambulando em encontros
Em meio a tantos desencontros
Mesmo inconsciente
O inconsciente faz lamentar
E na remela da manhã adiantada
O que passa pelo tempo não tem
tempo para nada
Quando desperta
Continua sonâmbulo
No deserto de insônia
Onde o sonâmbulo é mera
representação
Do tempo contado, do chão
pisado
Do trabalho empenhado
Sonâmbulo não tem tempo de
despertar
Quando dorme, morre
Quando acorda, vagueia
É como se nem tivesse sangue
na veia
Gelado o sangue, parece que o
sangue parou
Sem se dar conta do atraso
acometido
O sonâmbulo cambaleia
No pêndulo, onde, ora pende
entre as verdades, ora pende com sono
O sonâmbulo é uma alma
adormecida
No corpo de uma noite mal
dormida
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