quinta-feira, 5 de setembro de 2013

corpo frágil

num dia meu corpo doía como quebrado
no outro me doía a cabeça
e de repente eu quis sair do meu corpo
e eu estava na minha pele mais do que nunca
suportá-la na dor e na febre
no frio e no calor
quando minha sensibilidade parecia reluzente
sabia que em mim estava presente
o desejo de romper a pele e me expandir no ar e ser como o ar
abandonar o corpo doente
e só quando doente percebo que dentro do meu corpo
estou fechado e dos arrepios dos pelos não passo
não vou além do toque e do sentido
nos outros dias acordei derramado
esticado na cama, impossibilitado
calado
e então cada vez mais dentro do corpo
e ao mesmo tempo tão afastado do corpo
que ele não se movia
e nem se expressava
derramado eu estava dentro de mim
num lugar indizível, o lado escuro do interior de todos nós
e quando o corpo expõe sua fragilidade
existe um eu que o resiste
e um eu que resiste a mim mesmo

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