quinta-feira, 21 de junho de 2012

vômito

cada vez que dormimos envelhecemos um dia. somos convidados a vida, como se ela, grande anfitriã, desse seu ponto de vista de bandeja para nós e que possamos usufruir dos benefícios de ser. furtivo querer de viver, momentâneo, instantâneo e passageiro. hoje imaginei todos os sentimentos e os dei animaria, pensei em anões ou pequenos seres inimagináveis. cômico? vai saber, afinal, eu não dei risadas. nossos corpos como tronco de árvores, ou como flores, aleatoriamente podem ser apenas gnomos ou abelhas. dentro do tronco, os gnomos. passando pelas flores, as abelhas. ainda não decidi. de qualquer forma, esses pequenos seres inimagináveis me vieram a memória como se existissem nessas animações. viveriam em um lugar maravilhoso. haviam histórias mais bonitas pra contar. hoje eu me sinto escasso. minha mente é como qualquer outra e o espaço é todo da vida e ela é sempre foco das atenções. como é preocupante crescer e envelhecer, como é preocupante viver distribuído, como é preocupante ingressar em uma vida... imaginaram como é preocupante esquecer a fantasia? a imaginação é tão fantástica que as vezes quero viver somente pra ela. imaginem-se todos crianças, imaginem-se com seus interesses infantis. quem inventou o termo voar para nós que não para os pássaros somente? por que somos permitidos? talvez todos os meus sentidos não possam me responder a todas as questões. clinicamente, se fantasiarmos somos esquizofrênicos. qual a razão? até deus pode ser um delírio, por que a vida não? somos febris, estamos delirando a aflição, a cada milagre. tudo isso está nos moldes da fantasia, tudo isso é tudo o que queremos que seja. todos deliram em conjunto por uma questão sadia, por uma questão financeira, por uma questão de liberdade. divino é tudo o que conseguimos imaginar. divino é tudo o que nossa visão, audição, olfato e paladar conseguem identificar. divino é termos uma memória pra armazenar. escassa é a nossa permissão.

high life

Parimos a morte ao longo dos anos
Se aproximando, dizendo ‘olá’ com seu alto-relevo de rugas
Enfraquecendo a memória sadia para que caiba sempre mais
Esquecendo para lembrar
Um dia morreremos todos
Se deus está lá onde quer que seja o lugar,
Agradeço pela graça de poder morrer um dia
Ninguém tem alma imortal que suporte a eternidade em sua total materialidade
Ninguém vencerá seus renovados fantasmas pra sempre
Eles voltam...
Ainda bem,
A morte também.
Em nosso ponto de vista,
Ela está sobre todas as coisas
E todas as coisas sujeitas a ela
Elevando a vida

sexta-feira, 8 de junho de 2012

beleza

Ah, se eu tivesse bela pele
Belo corpo
Belas formas
Belas palavras
Bela idade
Boa cabeça
E assim tivesse certeza que me vissem atentamente a andar,
Desistiria de toda beleza pela paz do meu olhar.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

o roteiro original

A vida foi contada. Como num script cinematográfico. Divida pelo som da claquete, ensaiada nos melhores moldes. Abdicamos ao dom de sermos a arte em sua maior forma. Um monólogo seria correto. Essa incansável viagem solitária pelos palcos da vida. Apresentando-se, sentindo empatia e simpatia, glória e derrota. Nem toda cena gera aplausos. De todos os seus formatos, reformatados ou não, a Terra se tornou o palco mais fiel, porque se cairmos não passaremos do chão e dessa forma, todo bom ator aprende a recriar o espetáculo. E eu escolhi ser só o roteirista.